domingo, 25 de janeiro de 2009

Página 03 PRONTA!

Aqui é a nossa página 03 prontinha, com os recordatórios devidamente aplicados.

"O processo de criação e os poderes que nos dão" - página 03 - com as cores definitivas

Aqui é a página 03 com as cores definitivas. Resolvemos aplicar tons de cinza, também, para dar um clima melancólico.

"O processo de criação e os poderes que nos dão" - página 03 - cores chapadas ( as "cores do flashback" e a direção de fotografia no cinema)


Essa é a versão da página 03 com as cores-guia chapadas. Por se tratar de um flashback, seria natural que as cores dessa página fossem diferentes, para diferenciá-la das outras. Mas... qual cor usar?
Optamos por utilizar o azul, por ser uma cor fria e não chamar muita atenção, além de dar um clima noturno à página.
Uma referência muito legal de se utilizar na hora em que se trabalha com cores é acompanhar o trabalho dos diretores de fotografia de cinema. A cor é primordial para se imprimir o "clima" que se quer, e não existe filme bom sem fotografia boa.
Basicamente, usei dois filmes e, principalmente, um videoclipe como referência para essa página:

Os filmes utilizados foram: "Donnie Darko", de Richard Kelly (Direção de Fotografia: Steven B. Poster);

"Traffic", de Steven Soderbergh (Direção de Fotografia do próprio Steven Soderbergh);





O videoclipe "Ex-Factor", de Lauryn Hill, foi a principal influência nossa na hora de colorir a página. A partir do primeiro minuto do clipe, a fotografia fica toda azul, e é o uso dessa cor que realça a beleza de Lauryn Hill e deixa bem claro que a sensualidade é a tônica da canção e do clipe - e esse é o mesmo clima que queríamos passar nessa página.

"O processo de criação e os poderes que nos dão" - página 03 - versão arte-finalizada


Aqui é a versão da página 03 que vingou, já com arte-final. Não há nada muito sujo nem muito dispersivo - todos os quadros casam bem com os recordatórios que serão colocados posteriormente.

"O processo de criação e os poderes que nos dão" - página 03 - primeira versão esboçada ( ou "quando os mamilos têm que ficar de fora")

Essa é a primeira versão da página 03 da nossa história. Aqui, o grande desafio era representar, de uma maneira simples e sutil, o sexo entre as personagens principais da história.
O problema é que, como essa página toda é um grande flashback, o cara está na verdade se recordando dos bons momentos que passou ao lado dela. Por isso, optamos por nada muito esburacado e arreganhado - afinal, antes de tudo, ele a respeita muito.
Claro que a tentação de desenhar uma mulher maravilhosa em poses sensuais e mandando ver é uma delícia, tanto para o desenhista quanto para os leitores. Mas tudo tem que fazer parte de um contexto. Cada coisa em seu lugar. Por isso, nossa principal decisão foi: os mamilos têm que ficar de fora.
Não sou careta nem censor. Mas, como nessa página, ele fica divagando sobre como ela faz falta na vida dele, o texto e os recordatórios têm que andar ao lado dos desenhos. E eu tenho uma teoria de que a gente pode revelar o quarto segredo de Fátima - se ele aparecer ao lado de um par de seios, ninguém vai saber qual é o segredo. Por isso, penso que toda vez que alguma mídia - seja ela cinema, teatro, TV ou quadrinhos - precisa representar graficamente algo com um impacto visual muito forte - seja sexo, seja violência extrema - ele tem que aparecer isoladamente, sem nenhum texto. Ou, se o texto for extremamente necessário, que faça parte da ação. Qualquer texto que seja colocado fora desses contextos soa cafona e intrometido (ops!).

Quando falo tudo isso, não é gratuitamente. Uso como referência alguns dos principais artistas de HQ's do mercado - que retratam sexo sem nenhum pudor, mas com uma fluência e ritmos que, em nenhum momento, prejudicam o clima da história.

Milo Manara em "A Metamorfose de Lucius"

A maioria dos artistas europeus, como Enki Bilal e Milo Manara, retratam o sexo exatamente da maneira como falei: Ou representando-o isoladamente, ou fazendo os personagem falarem sobre o que estão fazendo e sentindo (como representado no quadrinho acima).

Serpieri em "Druuna"

Em contrapartida, o que Paolo Serpieri faz nesse quadrinho de "Druuna" é o contrário de tudo o que falei: Os personagens falam, mas nem dá pra prestar atenção, porque a gente só fica olhando pra Druuna. Mas... foda-se as minhas teorias! Serpieri sabe muito bem que, no caso de "Druuna", o que a gente quer mesmo é vê-la e vê-la em todos os ângulos possíveis e imaginaveis:)

Arte de Enrico Marini em "Predadores"

Em "Predadores", o desenhista Enrico Marini utiliza a mesma abordagem de Milo Manara - o sexo deve ser tratado como um componente isolado (e bonito, e vistoso) da historia.

Arte de Frédric Boilet em "O Espinafre de Yukiko"

Por fim, as histórias de Frédric Boilet (como "O Espinafre de Yukiko" e "Garotas de Tóquio") reforçam todas as características que citei acima, com o diferencial que, por utilizar técnicas de fotografia e rotoscopia, suas HQ's tem uma pegada mais voyeur - e o uso esparso de diálogos (como na vida real) deixa tudo muito mais realista.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Página 02 PRONTA!


Aqui, a página 02 pronta. O grande problema nessa página 02 foi encaixar os recordatórios de uma maneira legível. Tentamos de tudo, até termos essa idéia do recordatório em L. Sinceramente, não achei que ficou uma Brastemp, mas, pelo menos, ficou bem linear e compreensível...

"O processo de criação e os poderes que nos dão" - A página 02 com mais detalhes de cor

A página 02 com mais nuances de cor...

"O processo de criação e os poderes que nos dão" - página 02 - com as cores chapadas


Aí, a página 02 já está com as cores-guia chapadas.

"O processo de criação e os poderes que nos dão" - página 02 - versão arte-finalizada

Essa já é a versão aprovada da página 02, com arte-final e tudo.

"O processo de criação e os poderes que nos dão" - página 02 - primeira versão da página

Essa é a primeira versão da página 02 da história "O processo de criação e os poderes que nos dão". Aqui, o personagem fica divagando e sofrendo por estar sozinho, por ter sido abandonado. O desafio aqui foi evitar a frescurite. Tentamos deixar ele mais chateado e emputecido do que, propriamente, com carinha de chororô. A idéia dos "quadros teclas de piano" é do Pedro.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Estudos de personagens e a "escalação de elenco"

Uma das coisas que eu mais gosto de fazer na hora de criar uma Hq é a "escalação do elenco". Lógico que, no decorrer do processo, dependendo da necessidade, as características físicas e psicológicas da personagem mudam conforme a história progride, mas eu gosto muito de criar personagens baseados em atores e atrizes, e, principalmente, calcá-los em seus papeis marcantes.
Por exemplo: Estou fazendo o lay-out de uma história em que aparece um médico, que é esse aí em cima. Ao invés de criá-lo do nada, achei interessante utilizar as feições do ator Christian Clemenson, que faz o advogado Jerry Espenson no seriado "Justiça sem limites" ("Boston Legal"), do canal Fox.

Vídeo com Jerry em ação: http://www.youtube.com/watch?v=S3gEf10ioYs&feature=PlayList&p=0C51E00DF13C86EE&playnext=1&index=1

Eu até conhecia o seriado, mas depois que meus amigos Pedro e Álvaro falaram dele com entusiasmo, comecei a assisti-lo pra valer. E daí vi que era um baita programa, muito bem roteirizado e com uma carga de cinismo bem legal. O personagem de Christian tem uma série de tiques e manias, mas sua interpretação deixou o personagem muito engraçado e carismático. Achei que era uma pequena forma de homenageá-lo. Espero que meu doutor fique com as mesmas feições até o final da história.
Com relação à utilização de atores como referência para personagens, nunca havia me ligado muito nisso, eu realmente criava suas feições "do nada". Mas comecei a usar esse expediente com mais frequência quando vi que os principais personagens da Bonelli eram criados assim. Abaixo, alguns exemplos.

O personagem Ken Parker, de Berardi e Milazzo, foi criado com base em Robert Redford, mais especificamente em sua atuação no filme "Mais forte que a vingança", de Sidney Pollack


O personagem Dylan Dog foi criado com base no ator inglês Rupert Everett


A criminóloga Júlia Kendall tem as feições da atriz Audrey Hepburn, de "Bonequinha de luxo"


O Mágico Vento tem a cara do ator Daniel Day-Lewis, especificamente seu papel em "O último dos moicanos"


O Nick Fury da série "Os Supremos", não tinha nem como ser diferente, é a fuça do Samuel L. Jackson, que acabou por interpretá-lo em "Homem de Ferro"